• do tirar polo natural

    INQUÉRITO AO RETRATO PORTUGUÊS

Num tempo de fluxo incessante de produção e circulação de retratos fotográficos e fílmicos, numa sociedade organizada em redor da imagem mas que, paradoxalmente, a destrói, pelo excesso, é fundamental interrogar a vida das imagens e, em particular, qual o papel do retrato na nossa cultura. Retomando, como homenagem, o título de um diálogo sobre a pintura retratística de Francisco de Holanda (Lisboa, 1517-1585), Do Tirar Polo Natural, a exposição não pretende ser uma mera antologia dos melhores retratos portugueses, nem uma tentativa identitária de retratar Portugal através dos seus rostos. Procuramos, antes, refletir sobre o que é um retrato e o que ele pode, de que impulso surge e quais os seus limites.
Cruzando obras de épocas muito diferentes, apresentamos o retrato em redor de três categorias paradigmáticas: como dispositivo afetivo, como formador da identidade pessoal e como estratégia do poder. Sabemos, também, à partida, que esta é uma exposição falhada: porque haverá sempre retratos ausentes que poderiam ter sido escolhidos, e porque um retrato transporta sempre algo de falha ao ser constituído por uma ausência.
O retrato é um apelo. Olhamo-lo e somos olhados de volta. Oferece-se e interpela-nos – assim nos deixemos incomodar.

Comissários
Anísio Franco
Filipa Oliveira
Paulo Pires do Vale

INAUGURAÇÃO
28 junho | 18h30